Ótima pergunta! Essa de fato
é uma vontade que muitos condôminos possuem, e são levados a acreditar que
fazer a própria gestão é a melhor saída.
Quanto o conselho consultivo
decide colocar em pauta a autogestão é preciso refletir muito para não tomar uma
decisão que gere prejuízos incalculáveis para o condomínio.
Realmente é muito difícil fazer
a própria gestão do condomínio, em vez de contratar uma administradora
especializada, principalmente na questão da continuidade da gestão e da
rastreabilidade.
Falar que uma autogestão vai
dar certo é muito precipitado e uma afirmação um tanto quanto prepotente.
Quando temos profissionais
contratados, contamos com um quadro profissional, dedicado e capacitado.
Quando falamos em
condôminos, temos a questão de comprometimento, disponibilidade e
profissionalização duvidosa.
Estamos em um tempo de
extrema complexidade tecnológica e jurídica, onde a quantidade e
obrigatoriedade de se armazenar informações é gigante.
As empresas familiares estão
se profissionalizando, e isso é um assunto que já passa dos vinte anos de discussão
moderna. Os condomínios são cada vez mais complexos e dependem cada vez mais de
uma organização profissional e competente, então, falar em autogestão é algo um
tanto “primata”.
Porém nada é impossível, e
se existem pessoas comprometidas, com conhecimento, disponibilidade de tempo então
a opção pela autogestão pode ser interessante, mas se essa questão for pensada
como uma aventura, uma tentativa, então fuja dessa opção.
Se depois de pensar nos
apontamentos efetuados e ainda desejar uma autogestão, o primeiro passo é
checar seus conhecimentos contábeis e criar uma estrutura (um escritório)
interna absolutamente dedicada. Cada recebimento e pagamento devem ser feitos
com os devidos recibos e notas fiscais a fim de se criar a prestação de contas, fluxo de caixa, orçamento anual e mensal, plano de
manutenções e quantificação, e outros itens administrativos. A convenção
coletiva é o horizonte da gestão, e deve ser cumprida a risca. As questões
fiscais e trabalhistas podem gerar prejuízos enormes e fazer o modelo de baixo
custo criar verdadeiros rombos financeiros. Por isso é preciso boa orientação,
muito cuidado e atenção aos registros e lançamentos efetuados.
Atualmente
menos de 20% dos condomínios praticam a autogestão e poucos desses realmente
manterão sua autogestão por muito tempo. A verdade é que a tendência é que nos
próximos 20 anos teremos menos de 10% de condomínios que esse modelo isolado. A
real vertente é pela terceirização plena e profissional, que proporciona uma
significativa gama de vantagens.
É
muito importante saber que a administração de um condomínio está muito distante
de um mero plano de pagamentos de contas e recebimentos da taxa condominial. Encargos,
como IPTU, água, luz, recolhimento de impostos trabalhistas e fiscais, controle
de equipamentos de segurança, atendimento às normas da ABNT, entre outros
tantos pontos importante e vitais de uma gestão condominial.
De
fato a administração de um condomínio envolve diversas ferramentas
administrativas que demandam atenção e controle profissionais.
Atentar-se
tão somente para diminuição de custos, pode ser um caminho que crie custos
invisíveis e demandas jurídicas com montantes irreparáveis.
Conhecimento
com qualidade, especialização, competência profissional e responsabilidade
jurídica da administradora, são pontos difíceis de serem superados em uma
autogestão.
Os
pontos exemplificados, apenas mostram uma ideia da quantidade significativa de
detalhes demandados pelo processo da administração condominial.
De fato são bem poucos os
condomínios que podem se dar ao luxo de ter uma autogestão. E mesmo esses
certamente não permanecerão no modelo atual.
Um condomínio pode sim optar
pela autogestão. Mas certamente isso não vai gerar redução nos custos de
administração.
Dra. Patrícia Pereira Moreno
www.sindicanciaprofissional.com.br
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